Na linha oficial da história, os portugueses descobriram o Brasil em 1500, mas como se sabe, milhares de índios já habitavam terras brasileiras naquele período. Séculos depois e após intenso processo de miscigenação, você sabia que é possível visitar tribos indígenas em diferentes estados do país?
Isso mesmo. O transcorrer da história foi cruel com tribos de todas as etnias, mas algumas delas sobrevivem até hoje e recebem visitantes interessados em conhecer de perto os seus ricos hábitos culturais. Conheça algumas aldeias indígenas que recebem turistas de todas as partes do mundo:
1. Tribo Dessana Tunaka
Conscientização ambiental e respeito pleno às raízes são logo identificadas na Tribo Dessana Tukana, a qual o lar é a aldeia Tupé. Os indígenas desta tribo vivem em região isolada na Amazônia e em perfeita harmonia com a magnífica natureza do entorno.
- Onde fica? Manaus-Amazonas.
- Como chegar? O acesso até à tribo Dessana Tukana, situada às margens do rio Solimões, só pode ser feito de barco. O caminho floresta adentro já confere ao visitante a oportunidade de vivenciar momentos únicos e inéditos.
- Mais informações: Na aldeia é possível comprar artesanatos e conferir os costumes daquela população. No interior da oca, o pajé recepciona a todos e apresenta um pouco da história da tribo, cujo principal idioma é o Tukano. No final das apresentações, os presentes são convidados a participar de uma dança típica. Como forma de respeito e agradecimento às boas vindas, recomenda-se ter atenção a estes ensinamentos e interagir com todos de forma cordial.
2. Tribo da aldeia do Rio Silveira
Cerca de 120 famílias compõe esta tribo, que tem aproximadamente 500 índios. Eles moram em casinhas de pau-a-pique, madeira e palha, e até os sete anos de idade só aprendem o idioma guarani na escolinha da aldeia. O principal propósito neste costume é garantir a preservação da cultura autêntica.
- Onde fica? Bertioga-São Paulo.
- Como chegar? Situada próxima à divisa de Bertioga e São Sebastião, a aldeia fica precisamente na praia de Boraceia, e o acesso é feito pela Avenida Tupi Guarani, 1500. É bem fácil chegar, basta fica atento às placas.
- Mais informações: As famílias da aldeia mantém vivos os hábitos dos ancestrais e sempre repassam conhecimento à população mais jovem, com o objetivo de fortalecer a cultura. O cultivo de plantas artesanais e do palmito ainda está em voga, assim como a produção de artesanato. Todos são muito receptivos e além de presenciar o cotidiano de cada índio, o visitante da aldeia irá contemplar a culinária típica, as danças e as músicas.
3. Tribo Pataxó
A aldeia Barra Velha conta com cerca de 500 famílias pertencentes à Tribo Pataxó. A área possui posto de saúde, escola e alguns outros serviços que atendem a população.
- Onde fica? Caraíva-Bahia.
- Como chegar? Localizada no interior do Parque Nacional do Monte Pascoal, a tribo indígena Pataxó está situada a 6 quilômetros do pequeno núcleo populacional de Caraíva. O caminho até lá pode ser feito de bugre, a cavalo ou caminhando pela praia.
- Mais informações: Os Pataxós fabricam o artesanato, que além de servir como fonte de renda, é um símbolo daquela cultura que ainda resiste no contexto tecnológico da atualidade. Por mais que os índios desta tribo estejam adequados a muitos costumes modernos e residam em casas de alvenaria, a autenticidade e símbolos de resistência ainda podem ser apreciados pelo visitante.
4. Tribos Guarani e Guarani Kaiowa
Localizada em solo paulista, a aldeia Krukutu tem em torno de 47 famílias — e mais ou menos 300 pessoas — das tribos indígenas Guarani e Guarani Kaiowa. As terras são demarcadas pela FUNAI e dispõe de um campinho de futebol, posto médico e um Centro de Educação e Cultura Indígena.
- Onde fica? São Bernardo do Campo-São Paulo.
- Como chegar? A aldeia fica na divisa entre São Bernardo do Campo e o bairro de Parelheiros, e para chegar lá é preciso pegar a balsa que fica no bairro Riacho Grande.
- Mais informações: Os visitantes podem oferecer doações que servem de suporte à aldeia, e ainda assistem palestras sobre a preservação da comunidade e conhecem de perto a forma de vida dos povos.
5. Tribo Jenipapo-Kanindé
Embora o local que a tribo Jenipapo-Kanindé está instalada pertença à eles há séculos, somente em 2011 obtiveram o direito de terra reconhecido na justiça. É pontual abrir um parênteses e ressaltar que muitas tribos indígenas enfrentam este tipo de dificuldade há muito tempo. No mais, vale ressaltar uma peculiaridade que distingue essa comunidade: lá existe a primeira líder indígena do Brasil, a cacique Pequena.
- Onde fica? Aquiraz-Ceará.
- Como chegar? A aldeia fica situada na Lagoa Encantada, região a um pouco mais de 20 minutos do município de Aquiraz. O caminho feito de veículo particular não é complicado, só é recomendado ficar atento às placas e se informar com os moradores caso existam dúvidas.
- Mais informações: O povo Jenipapo-Kanindé não faz comidas em fogueiras, nem vive em malocas, mas mesmo que certas tradições tenham se perdido com o tempo, eles ainda mantêm os hábitos da pesca e plantio, e saúdam a relevância espiritual do espaço em que vivem. A conexão com a natureza e a reverência aos antepassados é feita por intermédio da meditação. Em tempos onde se respalda o empoderamento feminino, é uma ótima ideia conhecer uma tribo liderada por uma guerreira inspiradora.
6. Tribo Yawanawás
Os índios Yawanawás ficam na região amazônica do Acre e, ao contrário de outras tribos, só estabeleceram o primeiro contato com os não indígenas durante o século XX. Hoje eles vivem no território que adquiriram com o apoio da FUNAI em 1984.
- Onde fica?: Tarauacá-Acre.
- Como chegar?: A cidade de Tarauacá fica localizada a 409 quilômetros da capital acriana Rio Branco, e o tempo de viagem entre ambas é de aproximadamente 5 horas de carro ou ônibus. Após chegar à cidade, percorre-se mais uma hora de carro até a Vila São Vicente, que fica às margens do Rio Gregório. Daí, navega-se cerca de 8 horas de barco até a aldeia Mutum. O caminho até o encontro com a tribo não é curto, mas não há dúvidas de que o deslocamento já consta como um dos meios de inserir o viajante em um contexto cultural único.
- Mais informações: Todos os anos a tribo realiza o festival Yawa, que celebra a culinária, o artesanato, danças, cantos, rituais e brincadeiras da cultura indígena. O evento firma-se, portanto, como um meio de homenagear e manter viva as tradições da comunidade. Mas fique atento: somente 150 pessoas podem fazer a inscrição e apreciar a festividade. Vale a pena ter essa experiência inédita e adquirir conhecimentos exclusivos.
7. Parque indígena do Xingu
Não apenas uma, mas dezenas de tribos indígenas podem ser encontradas no Parque Indígena do Xingu, que fica localizado no Mato Grosso e foi criado em 1961 durante o governo de Jânio Quadros. Na maior reserva indígena do país há 30 mil quilômetros quadrados de território pertencente às comunidades, ou seja, são vastas as histórias e mostras culturais de povos que aqui estavam em tempos anteriores ao do descobrimento.
- Onde fica? Santa Cruz do Xingu – Mato Grosso.
- Como chegar? O parque fica a 520 quilômetros de Cuiabá e está próximo à divisa do Mato Grosso com o Pará, região que transita entre a floresta amazônica e o serrado. Ainda que o território esteja em Santa Cruz do Xingu, as aldeias ficam mais próximas ao município de Feliz Natal. Então, para ter o acesso facilitado, a melhor ideia é ir até lá e buscar as devidas instruções.
- Mais informações: A região do Xingu concentra 204 tribos indígenas diferentes e cerca de 5 mil índios. Kamaiurá, Tramai, Mehinako, Naruvotu, Wauja e outros povos têm estilos de vida similidades, mas línguas e histórias distintas. Conversar com os moradores, participar das festividades e andar pelo vasto território do parque é, de alguma maneira, mergulhar em uma cultura exclusiva e absorver uma gama de conhecimentos que revelam um pouco da própria história de todos nós, “homens brancos”.
Muitos brasileiros de hoje nasceram da miscigenação entre índios, negros, portugueses e outros povos da Europa, territórios árabes e asiáticos. Conhecer estas tribos indígenas é uma ótima chance de entrar em contato com as próprias raízes e ter mais uma comprovação de que o Brasil é um país especial por conta de sua enorme diversidade.