Por Bárbara Cristovão
Atualizado em 17.11.23
A origem do chocolate é atribuída à região da Mesoamérica, que inclui o sul do México e territórios na América Central, onde habitavam civilizações pré-colombianas, como olmecas, teotihuacanos, astecas e maias. Acredita-se que, desde 1900 a.C., culturas pré-olmecas já produziam bebidas de cacau e que, muito antes de ser introduzido na Europa através dos conquistadores espanhóis, o chocolate era proeminente no auge dos impérios maia e asteca.
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Em momentos diferentes, o chocolate foi chegando a cada região do mundo, ganhando novos ingredientes e formatos, até chegarmos aos dias atuais, quando podemos experimentar as inumeráveis variações desse que é um dos alimentos mais amados ao redor do planeta.
O nosso passeio pelos destinos perfeitos para os chocólatras de plantão se inicia na América do Norte, no México, onde tudo começou. Depois vamos para a Europa, África, Ásia e Oceania, completando a volta ao mundo com a América do Sul e finalizando na nossa grande cidade do chocolate no Brasil: Gramado.
No sudeste do México, um dos maiores produtores de cacau no mundo, está o estado de Tabasco, que tem, desde o século 17, o cacau como um dos principais produtos de sua agricultura — tanto que, no fim do século 19, a região teve significativo desenvolvimento econômico devido à exportação de cacau.
Hoje, os turistas podem conhecer mais sobre a produção do chocolate através da Rota do Cacau Sagrado, que coloca os visitantes a par de todo o processo tradicional de fabricação de chocolate na região e de toda a história cultural do cacau no México, que data de milênios.
Enquanto fazem os tours guiados em diversas fazendas de cacau, os amantes de chocolate podem degustar sua matéria prima em variados estágios de produção. Várias fazendas, muitas de cultivo orgânico, estão abertas à visitação, inclusive oferecendo refeições típicas da região.
Com o slogan de “o lugar mais doce da Terra”, a comunidade de Hershey, com 14 mil habitantes, fica dentro da cidade de Derry Township, na Pennsylvania. O local foi fundado por Milton S. Hershey e é a sede da The Hershey Company, amplamente conhecida no mundo todo por suas barras de chocolate.
A região é um complexo de entretenimento e resorts dedicados à marca, com diversas atrações, como o parque de diversões Hersheypark, com mais de 70 brinquedos, incluindo 13 montanhas-russas, o Hershey’s Chocolate World, onde os visitantes criam sua própria barra de chocolate e participam de degustações, o ZooAmerica, com mais de 200 animais, além de estádio de futebol americano, museu, trem, jardim botânico e campo de golfe — tudo com o nome da marca Hershey’s.
Um dos maiores destinos turísticos do mundo também é um ótimo lugar para um chocólatra visitar. A começar pelas lojas M&M’s World e Hershey’s Chocolate World, que oferecem uma imersão no mundo das marcas, com diversas lembranças e guloseimas à venda. Ambas estão na Times Square, uma em frente à outra. O seu maior problema vai ser saber em qual entrar primeiro!
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Nova York também é casa de duas confeitarias de alto padrão conhecidas mundialmente: Max Brenner e Magnolia Bakery. A primeira, além de ter variados quitutes de chocolate, fundues, pizzas doces e o famoso chocolate quente no hugmug (caneca sem alças que deve ser segurada com ambas as mãos), oferece refeições para almoço e jantar.
Já a Magnolia Bakery é uma padaria vintage dos anos 1950 que ficou famosa por aparecer no seriado de TV Sex and the City. Bolos, cupcackes, brownies e cookies deliciosos aguardam por você lá!
Não teria como falar da história do chocolate sem mencionar a Espanha, que até hoje oferece uma fartura de opções para os chocólatras em sua capital. O país responsável pela introdução do chocolate na Europa, através do cacau colhido em suas colônias nas Américas, hoje é um dos lugares ideais a serem visitados pelos chocólatras de plantão.
Não deixe de visitar a El Riojanom, que tem como clientes ninguém menos do que a família real espanhola; a Chocolateria San Ginés, que nunca fecha, funcionando 24 horas todos os dias da semana e que é famosa por seus churros de chocolate; a Cacao Sampka, com sabores de chocolate dos mais variados; La Mallorquina, com suas famosas napolitanas de chocolate; e Torrons Vicens, com deliciosos torrones.
A cidade histórica de York, na Inglaterra, fundada há mais de dois milênios, tornou-se, desde o século 19, um grande centro de fabricação de chocolate e doces em geral — uma atividade econômica que deixou de ser a principal da cidade somente em décadas recentes.
O local é a sede da fabricante Rowntree’s (hoje da Nestlé), responsável pelo Kit Kat, cujas origens datam da década de 1910. Outras marcas não tão difundidas no Brasil, como Terry’s e Cravens, também nasceram lá.
Os visitantes de York podem conhecer o museu Chocolate Story, para saber mais da história da indústria local e fazer degustações. A cidade ainda tem o charmoso York Cocoa House, uma confeitaria em que, além de comprar guloseimas de todos os tipos, você pode aprender como fabricar sua própria barra de chocolate.
A segunda maior e mais populosa cidade britânica, Birmingham, é a sede do Cadbury World, uma atração turística da marca Cadbury. O local mostra detalhes sobre a história do chocolate e conta com diversas atividades interativas, incluindo uma sessão de cinema em 4D, parques recreativos para as crianças e demonstrações ao vivo de como são fabricados os chocolates artesanais que estão à venda no local.
Desde 2003, está funcionando também o Cadbury World de Dunedin, na Nova Zelândia, na fábrica de chocolates da empresa. Diferente da atração no Reino Unido, aqui você pode fazer um tour guiado por diversas áreas da fábrica, além de degustar amostras de chocolates por todo o caminho. O passeio termina numa gigantesca cachoeira de chocolate, que tem a altura de cinco andares.
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Na cidade de Bournemouth, no litoral sul da Inglaterra, a 170 quilômetros de Londres, está um curioso hotel, que tem como missão oferecer uma experiência única para os amantes de chocolate.
Os 15 quartos oferecidos pelo Chocolate Boutique Hotel têm uma decoração única inspirada no doce e são diariamente abastecidos com doses de deliciosos chocolatinhos. O local ainda oferece pacotes de hospedagem que dão direito a coquetéis de chocolate, fontes de chocolate e cestas com doces e bombons variados.
Para quem quer ir mais a fundo na paixão pelo derivado do cacau, o hotel oferece workshops que ensinam a arte de degustação do chocolate com vinhos e dão lições práticas de como fazer trufas, chocolates recheados, retratos pintados e sapatinhos de chocolate. A boa notícia é que o que você aprende a fazer nas aulas, você pode levar para casa – se é que vai sobrar alguma coisa até chegar em casa!
A tradição do processamento de chocolate na Suíça data do começo do século 17, sendo que, no século 19 foram abertas algumas das mais famosas fábricas de chocolate do mundo, como a Nestlé e a Lindt, além da Suchard, Frey e Cailler – esta última sendo responsável pela primeira fábrica de chocolate do país, aberta em 1819.
Andando pela maior cidade do país, Zurique, você se depara com renomadas confeitarias especializadas em deliciosos doces e chocolates, como a elegante Schober, com quitutes caseiros, a fábrica de chocolates da Lindt, com uma enorme loja da marca, a confeitaria Sprüngli, com seus doces luxuosos e pequenos macarons luxemburgerli, conhecidos mundialmente, e a Teuscher, que oferece doces sem aditivos ou conservantes, além das lojas Läderach, Max Chocolatier e Honold.
Para ajudar os turistas a não perderem nenhum desses melhores pontos, tours variados são oferecidos para mostrar o melhor do chocolate na cidade, inclusive com alguns pontos alternativos não tão famosos, mas igualmente deliciosos.
Em Broc, na Suíça, a 180 quilômetros de distância de Zurique, está a Maison Cailler, fábrica de chocolates da primeira marca suíça, que, no final da década de 1920, foi incorporada à Nestlé.
O prédio histórico oferece um tour pela fábrica, onde ainda são feitos diversos produtos da marca Callier, e um salão de degustação, onde é possível provar todos os tipos de chocolates da marca – e você pode comer o quanto quiser! Por fim, uma loja com diferentes quitutes e lembrancinhas aguarda quem quer levar mais delícias para casa.
Em 1912, o chocolatier Jean Neuhaus inventou a praliné (ou pralina), na época, um recheio de nozes para os chocolates. Desde então, Bruxelas produz alguns dos melhores chocolates e bombons do mundo. Hoje a capital da Bélgica é a casa de fábricas de chocolate famosas, como a própria Neuhaus, além da Godiva e Leonidas.
Entre as mais de 500 marcas belgas de chocolate, muitas são pequenas fábricas com produção artesanal e criações exóticas. Algumas marcas apostam nas receitas conservadoras de praliné (considerado qualquer chocolate com recheio cremoso de castanhas), mas muitas confeitarias tentam se sobressair com recheios inusitados, como wasabi, groselha e cardamomo.
Em Bruxelas, você vai encontrar o bombom de chocolate que é a sua cara, seja exótico ou não, seja artesanal ou de grandes marcas conhecidas.
A origem do chocolate na França é incerta e várias histórias dão conta de como esse alimento se popularizou no país. Mas a maioria delas têm em comum o fato de que essa origem data do século 17.
O chocolate francês é reconhecido mundialmente por seus delicados atributos artesanais, pelo gosto tipicamente amargo e pelas ganaches, chocolates com recheios cremosos. Algumas das melhores lojas da capital francesa estão no bairro Saint-Germain-des-Prés, um dos locais de visita obrigatória quando se vai a Paris.
Encontrar chocolate de qualidade em Paris não é um problema e entre as mais famosas confeitarias e fabricantes estão Patrick Roger, La Maison du Chocolat, Michel Chaudun, Jean-Paul Hevin, Michel Cluizel, Christian Constant, Joséphine Vannier e Pierre Hermé.
Tain l’Hermitage, um vilarejo com cerca de seis mil habitantes, no sudeste da França, a 550 quilômetros de Paris, é a casa de uma das mais chiques marcas de chocolate no mundo: a Valrhona.
A sede da fábrica, em pé há mais de 90 anos, abriu, em 2013, um anexo onde fica a permanente exibição chamada La Cité du Chocolat, que leva seus visitantes a explorarem o cheiro, o gosto e a textura dos chocolates. O passeio inclui uma visita guiada à fábrica e vários momentos de degustação, além de um tour especial voltado para as crianças.
E existe combinação melhor do que chocolate e vinho? Um bônus dessa viagem é o fato de que a fábrica da Valrhona está cercada de vinhedos de renome internacional, com sessões de degustação abertas para o público.
Uma região de Toscana, no centro da Itália, localizada entre as cidades de Pisa, Pistoia e Prato, recebeu o apelido de Vale do Chocolate por conta das diversas lojas gourmet e pequenas fábricas de chocolate artesanal.
Entre as marcas mais famosas estão a Amedei, ganhadora de diversos prêmios; Torrefazione Trinci, fábrica de chocolate e cafés finos; De Bondt, marca conhecida internacionalmente; Slitti, com cafeteria e confeitaria em Pistoia; Filippo, que fabrica sorvetes de variados sabores de chocolate; Roberto Catinari, pioneira na produção de chocolate na Toscana; e a Pasticceria Mannori, com pralinés, tabletes e bolos artesanais.
Como se tudo isso já não fosse suficiente, se estiver na região em fevereiro, tente ir à Fiera del Cioccolato Artigianale de Florença para deliciar-se de chocolates de todos os tipos.
A segunda maior produtora de cacau no mundo é Gana: a produção da matéria prima do chocolate, há décadas, é uma das principais atividades econômicas do país, que fica na África ocidental. O cacau é tão importante que está gravado na moeda local. E o mais interessante é que a planta não é nativa de Gana, tendo sido introduzida somente no século 19, quando teve seu cultivo difundido por várias regiões do país.
Com uma história e economia tão ligada ao cacau, algumas empresas de turismo aproveitam para fazer, em Acra e regiões próximas, tours de rotas do cacau, apresentando fazendas da região, mostrando detalhes sobre o processo de cultivo e passeando pelo Instituto de Pesquisa em Cacau de Gana.
Numa viagem pela capital do Japão, os turistas poderão provar os melhores chocolates do mundo em confeitarias cheias de glamour.
As francesas La Masion Du Chocolat e Jean-Paul Hevin, as suíças Lindt e Blondel, as belgas B by B. e Pierre Marcolini todas têm lojas aconchegantes em Tóquio. Mas nem só de chocolate estrangeiro vive a cidade: a loja 100% Chocolate Café, da grande fabricante japonesa Meiji Seika, a confeitaria Del’immo, além da Minimal e Inamura, são marcas nascidas no Japão e oferecem deliciosas sobremesas e barras de chocolate.
Grandes cidades da Austrália são o berço de várias marcas e confeitarias famosas por deliciosos chocolates, como Cioccolato Lombardo, em Melbourne, e a reconhecida mundialmente Zokoko, na região das Montanhas Azuis, perto de Sidney. No entanto, algumas das melhores marcas estão na região sul da Austrália Ocidental, o maior estado do país.
Espalhados pela imensa região estão algumas fábricas e lojas que vale a pena conferir. A Margaret River Chocolate Company tem duas fábricas, uma a quase 300 quilômetros da outra, ambas abertas para visitação e degustação, com cafeterias anexas. Em Perth, a marca tem também uma loja gourmet.
Já a fábrica da Denmark Chocolate Company oferece um espaço turístico no extremo sul da Austrália Ocidental com exposição de chocolates artesanais e vinhos locais famosos.
Considerada a capital do chocolate na Argentina, Bariloche conta com diversas lojas famosas nos principais pontos da cidade. O local ainda tem o Museu do Chocolate, mantido pela tradicional fábrica argentina de alfajores Havanna. Além de conhecer mais sobre a história do chocolate, os visitantes do museu podem fazer uma visita guiada à fábrica.
Andando pelas ruas do centro da bela Bariloche, você encontra muitas lojas de chocolate, sendo algumas das mais famosas a enorme Chocolates del Turista, com centenas de opções de guloseimas artesanais; a Abuela Goye, com chocolates artesanais e variedades de sabor de alfajores; e Mamuschka, com variados produtos, desde chocolates a granel a torrones.
Na região sul do Equador, está a maior cidade do país, Guayaquil, que, durante o século 17, enviava seu cacau para os espanhóis, que mantinham em segredo a localização dessa fonte. Somente no final do século 18, Guayaquil tornou-se conhecida mundialmente, virando a principal exportadora de cacau até o começo do século 20.
O cacau produzido em Guayaquil é considerado um dos melhores do mundo, mas as rotas de turismo do chocolate na região são muito recentes. No entanto, é possível ter a experiência de conhecer plantações e as fases de produção do chocolate com a assessoria de algumas empresas de turismo.
Quando em Quito, aproveite para visitar a sofisticada cafeteria Kallari Chocolate e, se estiver em Guayaquil, vá ao restaurante La Pepa de Oro, que tem alguns dos melhores chocolates quentes do Equador.
Quando se fala em cidade do chocolate no Brasil, todos se lembram de Gramado — até quem nunca visitou o principal ponto turístico da Serra Gaúcha. O local conta com diversas fábricas de chocolate artesanal, muitas delas abertas a visitantes com passeios guiados, que mostram o processo de fabricação de bombons, ovos de chocolate e trufas.
Nas duas principais vias da cidade, a Avenida Borges de Medeiros e Avenida das Hortênsias, estão dezenas de confeitarias e lojas de guloseimas. Alguns dos lugares mais famosos são o museu interativo do Reino do Chocolate, da fábrica Caracol, e o Parque Mundo do Chocolate, da marca Lugano, um museu com centenas de esculturas de chocolate.
Além das já citadas Caracol e Lugano, outras marcas tradicionais da região são Prawer, Florybal e Planalto.